22:43'
Perpassei por palavras e anos desde a primeira escrita, me vi em cada parágrafo, vírgula, exclamações, interrogações ...
Continuo sem ponto final
Não devíamos ter pesadelo, um sonho ruim.
Dormir, não é para descansar?
Assistia as cenas ao redor
ninguém me percebia, me ouvia.
O ar mais veloz que o peso do meu corpo, me falta
suspiro......consigo me movimentar.......
estava no Cine Virgínia lotado.
Não gosto de gente? Ou de sala cheia de gente?
Falta-me o ar, de novo, suspiro.......
queria ter o controle para sair à procura dele
antes mesmo de me faltar.
O ar alivia, cessa batimentos do coração acelerado
me tira do todo do sonho ruim
obrigada ar por me acordar .
Tomara o próximo, seja como sonho de criança, que não precisava de asas para voar.
Borboleta.
Revirada a cabeça,
penso no medo de não olhar mais o céu
com os mesmos olhos de criança.
Noite passada sonhei com um amigo,
pude sentir o toque quente e apertado do seu abraço,
dele tive notícias distantes de tempos ruins para si.
Será que a única coisa que importa é saber
a utilidade que temos para este mundo?
e
criar desejo
o desejo sempre presente nas coisas ausentes?
E Deus disse ao Ilmo Sr. Manoel: "Vou ajeitar a você um dom:
Vou petencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros."
(...)
Empresta-me suas palavras poeta!
E Deus disse a mim: Vou ajeitar a você uma alegria.
Vou pertencer você para um sonho.
"E pertenceu-me."
Escuto o som do silêncio na presença da simplicidade .
Sei perceber o rastro do tempo nas flores que nascem nas trincas resistentes das paredes, dos passeios......... semeadas pelos pássaros.
Hoje,
eu digo sim
à nuvem carregada.........
à chuva por vir ..........
Não contesto os riscos da vida.....................vivo
E
na angústia inevitável, busco refúgio nas lembranças do céu visto do quintal da minha infância. .............
pontual agora só o silêncio.
É sábio seguir.............
E
Reencontrar as flores.
(Com afeto para Rejanne, amiga sempre)
2014
Eu devia estar desiludida, realmente espantada com a idéia de não poder acreditar na afetividade e sinceridade do " outro". Não é fácil assimilar. Porém, mais tarde, à medida que fui compreendendo mais claramente a situação, minha raiva passou. E retomo à máxima de que tudo que é humano é permitido e me faço mais branda ao rascunhar os aforismos meus e alegrar-me com a sutil flor de cactos.
Nesta manhã estive por aqui...
Afaguei o silêncio.
Lembrei-me do Sr.Manoel.
Sou o verso e o reverso de mim.....
procuro a sua borboleta de transformar homem.
Não me canso.
Não me esqueço do Sr. Manoel.
O seu nada vem comigo até meu fim.
......morre-se
e até que chegue em mim, vou seguir respirando as coisas desimportantes enfim...........
Sempre soube. Ao abrir a porta. Seria levada pela mão ao meu jardim. Sempre desejei este lugar. Nele havia tudo que me fazia estar centrada em mim. Agora descentrada de mim, de quem eu era, sou outra que escreve para aliviar a incomunicabilidade do disrurso de amor..............tudo; o resto, ficou dentro do pensamento.
O eco do silêncio retorna.
O jardim; agora, tenho que encontrar.
Quanto mais você recua no passado, mais belo e desejável se torna o mundo. Você é arrancado do sono, todas as manhãs, para se confrontar com alguma coisa que é sempre pior do que enfrentou no dia anterior; mas , falando no mundo que existia antes que fosse dormir, acaba conseguindo criar a ilusão de que o dia de hoje não passa de uma aparição nem mais nem menos real que as lembranças de todos os outros dias guardados dentro de você.
No país das últimas coisas. Paul Auter.
Na primeira quinta feira do fim de nossas vidas....... a escrita teimava em sair da linha reta.....vi tudo que vi, vivi tudo que pude, no tempo grande e longe. O tempo era sempre agora......cada coisa tinha o seu lugar entre achados e perdidos. Entendi como pude correr com a pressa que não tinha antes, e acabei achando
a outra que destruí em mim.
A maior riqueza do homem é sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou -- eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc, etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.
Ilmo Sr. Manoel de Barros
Não sei se a vida é pouco ou se a morte é demais para mim.....não sei.
Sei que vi tantas coisas, disse tantas coisas, ouvi poucas coisas que queria ouvir......senti o pensamento, a falta de gesto, e uma emoção que não vivi.......não sei em qual tom ficou o ruído da verdade não dita, sei que me decepcionei. Minha tarde de quinta na cidade, cai aos poucos, monótona, morna, mas cai. E sobrevivi, vi.......o que agora é melhor, sim. Sim.
Vejo-me sempre pequena ao seu lado, vestindo um vestido azul marinho com bordado de joaninha que fez para mim, sentada num quintal ensolarado, cujo poucos metros quadrados abrigavam um galinheiro, uma mangueira, uma goiabeira e outras plantas e hortaliças de sua predileção. No ar desenho agora círculos e linhas como quando criança e me recordo da felicidade....