segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

(dos rabiscos sem fim... )



I

minha primeira folha de papel
foi o muro de cimento pré-moldado
da casa de minha infância,
nele escrevi em letras garrafais
o nome do meu pai com Ç.Afonço.

11/02

II

r e p a r e i que o crepúsculo não se abre com a faca,
que há um ruído entre o período que antecede o fim de algo,
para o início de outro...

12/02


III

preciso desaprender
para não despendrer as asas

12/02

IV

Aprendo com o silêncio

a encontrar outras palavras a se fazerem novas frases

e ver o branco dos dias que acontecem.

06/03

V

O que ti estraga é o pensamento:

_diz-me GM que reclama minha ausência.

Momentaneamente,

ando me estragando, para depois me consertar.

Mal sabe ela...

06/03

VI

Para encontrar o violeta eu uso borboletas.

Para encontrar a mim, ainda não descobri...

06/03

VII

Mais tarde me foleio, agora não consigo ler-me,

as palavras estão rápidas, as imagens desconexas,

o pensamento me estraga, o silêncio me escapa... nada se completa...

É justa a vida? Não sei...

Um outro dia talvez...

Por hora, guardo o livro.

08/05