domingo, 29 de junho de 2008

Entremeio
É preciso agora que eu diga que espécie de mulher que sou. Meu CPF, RG, não importam, nem qualquer outro exterior próprio. Devo falar do meu caráter,(como já o fez Fernando Pessoa). Tudo para mim é um mistério que me cercou desde a infância, e dirige meu caminho até este instante. Tudo para mim é claro como luz,mesmo que a luz ofusque, cegue. Tudo para mim é intenso, primoroso, cristalino.Tudo para mim há que ser dito, quando dito a quem quero que ouça, mesmo que, não mereça ouvir uma palavra de amor. Tudo para mim, pelas minhas próprias tendências naturais, é belo, se a beleza consegue se impor ao tormento. Tudo para mim é consequência de um desejo, um desejo de ser e fazer feliz. Tudo para mim é um retorno, um sempre movimentar, é dizer amar, é compartilhar abraço, mesmo com aqueles que têm medo de si. Tudo para mim é quebrar promessas de não mais tentar. Tudo para mim é buscar o humano no ser. Tentar dizer que é fácil amar e odiar. Por isso meu caráter não é soberano, muda, chora, rir, interioriza, concentra, paralisa, mas se perde em si mesmo. Toda minha vida é de afetos e sonhos. Tudo para mim é tudo, é nada...