segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

é
realmente não sabemos a dose diária de frustração que podemos suportar
ao invés de calar, falo atormentadamente em meu interior
crio e recrio meus fantasmas, preciso meu silêncio

e o universo é absolutamente oco em torno de mim*
procuro sentido nas ilhas em que se tornam nossa vida e
encontro a inserção de palavras vazias, ditas sem sentido a qualquer
que queira ouvir

vazio é uma palavra
amor é uma palavra
nada é uma palavra
sempre é uma palavra

antes que a fúria fria se instale
saio de cena
não é necessário impor minha presença

o som do vento que é pouco nesta noite de verão
chega até eu, escuro ser...
                                    (tivesse eu uma passagem para a lua)

*Fernando Pessoa, Poesia Completa de Álvaro de Campos

Nenhum comentário: