I
minha primeira folha de papel
foi o muro de cimento pré-moldado
da casa de minha infância,
nele escrevi em letras garrafais
o nome do meu pai com Ç.Afonço.
11/02
II
r e p a r e i que o crepúsculo não se abre com a faca,
que há um ruído entre o período que antecede o fim de algo,
para o início de outro...
12/02
III
preciso desaprender
para não despendrer as asas
12/02
IV
Aprendo com o silêncio
a encontrar outras palavras a se fazerem novas frases
e ver o branco dos dias que acontecem.
06/03
V
O que ti estraga é o pensamento:
_diz-me GM que reclama minha ausência.
Momentaneamente,
ando me estragando, para depois me consertar.
Mal sabe ela...
06/03
VI
Para encontrar o violeta eu uso borboletas.
Para encontrar a mim, ainda não descobri...
06/03
VII
Mais tarde me foleio, agora não consigo ler-me,
as palavras estão rápidas, as imagens desconexas,
o pensamento me estraga, o silêncio me escapa... nada se completa...
É justa a vida? Não sei...
Um outro dia talvez...
Por hora, guardo o livro.
08/05
Um comentário:
*escrevendo você voa
voando você escreve
lendo seus vôos nós aprendemos algo sobre as entrelinhas do indizível*
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