....olhei o passado, mesmo sem pensá-lo, senti a exata medida da importância "ou da não importância" das coisas e das pessoas perdidas... Não olhei tudo e tudo ainda é muito!

Hoje com clareza, sei que as coisas deixadas para trás têm seu lugar legítimo na lógica da vida..............cada objeto,fala, traços, linhas, pingos numa página crivados de palavras invisíveis, lacunas visíveis pelo que não foi escrito, mas foi pensado........ não dão conta da realiadade...........................................
Abro a gaveta e examino meu cabedal de objetos. Respiro!

04.11.12 22h

Eu queria construir uma casa........uma casa pequena que coubesse a consciência da finitude.Uma casa sem paredes internas, que acolhesse meus livros por toda parte,que eu pudesse abrigar meus amigos.......não muitos, mas que me são caros...............
..................Num canto da casa colocaria um jarro com alecrim sob a janela entreaberta____ a luz incide ali. Num outro canto da casa um caderno pequeno de capa violeta, no chao, sempre à disposição de palavras, da "paisagem agora outra"...................... Em outro canto da casa penduraria o quadro com a foto polaróide da árvore sob a tempestade, que enverga e se mantem firme....vive, quer vida e viva desenha a neblina do final do dia. No outro canto da casa deixaria o espaço livre para aqueles que amo, alimentarem suas marcas.............................................
Ah, eu queria construir uma casa que abrigasse meu silêncio! O silêncio daqueles que sentem!.................e,
a saudade que reside os pensamentos............

Sofri com palavras mal ditas. Carreguei um peso que não era meu. Voltei ao tempo e percebi ao remexer na escrivaninha do meu pai, que esta rigidez em ser correta com as coisas que acredito herdei dele. Dele, em que os tempos foram outros... sem pressa ao folheá os fragmentos de seus relatos ainda ali nas gavetas, as palavras resistem às traças......

Se fosse possível eu lotearia o invisível,
estacionaria o silêncio....
só para poder mostrar o que é o amor.

Na casa. (Objeto&Afeto)2012

DESEMPACOTANDO OUTRAS BIBLIOTECAS

"palavra dedicada"

A quem interessar, devo dizer que aceito doação de livro com dedicatória, assinatura desenhadas, para este trabalho que inicio. att.

"nem tão próximo, nem tão distante"

à espera do outono. 2011/

Cada palavra cala.
de lugares, de coisas, de objetos, de palavras

(Lugar: Búzio RJ. Local: Pier. Objeto: Banco. Palavra:(em branco). Estação: Verão. Ano 2012)

(Lugar: Búzio RJ. Local: Orla da praia. Objeto: Banco. Palavra:(em branco). Estação: Verão. Ano 2012)

Cada palavra cala.
de lugares, de coisas, de objetos, de palavras...

Lugar: Búzios-RJ. Local: Pier. Objeto: Banco. Palavra:(em branco). Estação: Verão 2012.

Lugar: Búzios-RJ. Local:Orla da praia. Objeto: Banco. Palavra:(em branco). Estação: Verão 2012.

No meu 'jardim' cultivo todas as flores que quero...

Primeiro som foi o canto do galo
depois o passo já arrastado da mãe, que
ainda indica todo passado e presente ali.
...é com este barulho de tudo que o momento
se mostra terno e eterno...
são com estes ruídos do nada que jamais me perdi...................

é nesse sossego absurdo do lugar onde dormi que penso em ti que já esteve tão presente ali.......aqui

será que ali é melhor que aqui? :
__ ?
....a vida está no "ar".

A manhã, meio quente,o sol invadia mais a sala do que nas manhãs anteriores. Os sons das folhas amarelas e secas caídas ao chão acentuavam o ruído do vento. A realidade humana nestas horas começa a despontar. Fácil lembrar que o vivido não é esquecido e a sensação de perda vaga numa ligeira trégua........logo serei eu.

23:27'

nunca parei para pensar na impermanência que é a vida..................nunca parei.....talvez seja melhor não pensar, meu espelho fica protegido.

Palavras atormentam.
Tempo é uma palavra.
A palavra adia.
O tempo esgota.
O que se adia não será cumprido depois*.

*Carinejar, O Amor Esquece de Começar.

Sempre...nunca é sempre...
mas pode voltar a ser
Sempre!

Tomei para mim um hábito, toda vez que encontro-me ansiosa, abro o Livro do Desassossego aleatoriamente, e....:

240.

PAISAGEM DE CHUVA

"A minha alma era a mesma de sempre, entre lençóis como entre gente, dolorosamente consciente do mundo. Tardava o dia como a felicidade e àquela hora parecia que tardava indefinitivamente.
Se o dia e a felicidade nunca viessem! Se esperar, ao menos, pudesse nem sequer ter a desilusão de conseguir."

......reverencio.

Retorno em 5 minutos...tempo em que o corpo adormece no conchego quente do outro... Laços de ternura como me crio ao sonhar com quem me fez e me deu amor. A imperfeição está no tempo gratuito. O que fazer? Nunca lhe toco.

Não passava do meio dia daquele domingo agradável de outono...................... Eu me dirigi ao escritório daquele casa e vi no portal da porta de madeira e vidro os seguintes dizeres: "Biblioteca Newton Corrêa. Homenagem Daniel". Sim pensei. É uma questão de sensibilidade. Que palavra antiga __ sensibilidade. Fiquei olhando em silêncio para as estantes com coleções de livros empoeirados, vasculhando minha memória em busca da imagem daquele homem, como se a imagem dele fosse importante. De repente me lembrei: baixo de físico fortinho,meio calvo, um ávido empreendedor,dono do cinema que já não o é mais, da minha cidade natal. Eu não soube o que falar. Sorri.

Em tempos em que poucos param para olhar a lua (hoje especialmente está entrando na fase cheia), pare para lembrar dos cheiros da infância e fotografar o indizível!

Silêncio não é para compreender, mas para incorporar.

Sei que as coisas deixadas para trás têm seu lugar legítimo na lógica necessária da vida......... cada objeto, desenho, janela, lençol, máquina de escrever, flores do camará, palavras rabiscadas em linhas e vírgulas numa página........ ......num outono

Como tudo passa depressa. Ontem uma criança, hoje um velho, e, de lá até agora, quantas batidas do coração, quantas respirações, quantas palavras ditas e ouvidas? Toque em mim, alguém, toque em mim. Ponha a mão no meu rosto e fale comigo...

Homem no Escuro, Paul Auster.

O não-lugar é onde não enraizamos. Ali, só ali, a vida é experimental, sujeita ao acaso.

Sinto a voz da chuva no coração do meu corpo nu e inteiro... a quem nenhuma coisa tocou...sente a voz da chuva!....................................................................................
Meu coração não aprendeu nada, só, vive a verdade de não amar por amar, não chorar por chorar, não se afastar por afastar, não sorrir por sorrir!
.....................meu coração divino entre as ruínas dorme sono.
Cada coisa entre coisas. Ah, coisas!
"Sinto falta da sensibilidade."

Hoje recolho os sinais, palavras e pessoas do dia de ontem... para ter consciência do que fui....do que sou.............pego os papéis que embrulharam os presentes e embrulho meus sentimentos. Há tantos sentimentos! São como os livros ___ não se pode ler tudo, nunca se sabe nada*.
Sim, há vida!

*Fernando Pessoa. Poesia completa de Álvaro de Campos.

Dizem que a vida dói, ou que é difícil viver, mas sem ela nada têm o que fazer. Este percurso vida, só abala aos que têm disposição para ela.......Nada há de pior que não nos dediquemos a ela, por vezes, carregada demais de tédio, sem afeição. Reconheço, é preciso seguir a enorme façanha de seus feitos............sigo-a e sou seguida.................obrigada por me seguir!

(ao bom amigo Dr.César que me ouve,que me alerta, e lê meus rabiscos quase que diários).

Vou fazer as malas para o jardim a ser construído,
Organizar as mudas à cultivar,
E amanhã continuar o mesmo dia de antes de ontem...
que é sempre....
___e que não sei se serei!

"

A Outra Face É Que 'Reflete'. À Vilém Flusser. 2010/2011.

Ando pela rua como se nela estivesse a rabiscar palavras no chão,
o movimento da sombra do meu corpo, parece adiantar-se à minha vontade de seguir........tento embrulhar os passos no caminho, não consigo; alcançar a flor roxa da Quaresmeira, colho uma no chão; banhar-me no vento tímido, mas ele dorme... sonha.
São 17e15'
a lua desponta num pedaço do céu sem nuvens.
Estala meu coração!

Não tirei a carta para a sabedoria.
Enganei a porta da liberdade.
Não houve vontade ou situação que eu não sentisse.
Hoje não me resta senão a arrumação da mala, daquela viagem que foi adiada...
arrumar a mala é sentir com o coração o que devo carregar nela, para não mais adiar a viagem...e seguir não adiando o universo em meu modo de sentir!

Nunca, sozinho, não diz muita coisa; nunca farei, soa falso; nunca farei isso, não existe. Sou dada às coisas simples, prefiro o cheiro do Jasmim dos Poetas a pensar no momento nunca. Nunca farei está fadado à morte. Vou ficar sob o céu do dia, esperando o céu das estrelas. E voar!................

Ah meus espelhos, não tentem entender minha loucura, de me achar, de me perder na palavra silêncio!
Logo vou encontrar com a sorte de sonhar!..............

Hoje acordei assim, procurando colocar cada coisa em seu lugar.....e encontrar os cantos, e neles repousar,e neles acordar.

Na casa. O&A. 2012.

(dos rabiscos sem fim)

XX

de coisas
de lembranças
de viagens
de lugares
do outro

∞

poema
procurei
lembranças— achei:
no canto da casa, nos objetos guardados, nos retratos na parede, nas flores empoeiradas..........................................

∞


Sala Do Tempo Roubado

∞


...............queria capturar o tempo suspenso, aquele que supera todos os outros...............e torná-lo parte do meu.

Saída de Emergência

Para escalar o céu...

1.preciso é ansiar um tempo mais lento, tempo para conversas de verdade.
2.ficar mais ao ar livre, apreciando a natureza, os pequenos movimentos circundantes.
3-fixar o olhar em uma flor até ter diplopia*.
4-experimentar coisas simples com as pessoas, pequenos prazeres como sentir os passos nas folhas secas.
5-construir uma escada imaginária e alcançar uma nuvem.
6-assim buscar outros lugares com o vento.
7-registar tão somente coisas importantes para sua história.
8-amar.


*percepção de duas imagens para a mesma coisa.